Ceres está no mapa do rastro da corrupção que envolve o Ministério da Educação e pastores evangélicos, tendo despertado o interesse do senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP), que pediu a quebra do sigilo bancário e telemático do prefeito, senhor Edmário de Castro Barbosa (Cidadania/GO) e outros chefes de executivo de outros municípios. A Ministra do STF (Supremo Tribunal Federal), no último dia 24, autorizou a abertura de inquérito para averiguar o caso e deu 15 dias para que o MEC e a Controladoria Geral da União (CGU) expliquem o caso.
A suspeita é de que exista um gabinete paralelo dentro do Ministério da Educação, que dê preferência a resolução de demandas e liberação de verbas da educação para prefeitos que pagassem propina aos pastores Gilmar Santos, líder religioso da Assembleia de Deus – Ministério Cristo para Todos, de Goiânia e Arilton Moura, que é assessor de Gilmar, na Convenção Nacional das Igrejas Assembleias de Deus no Brasil (CONIMADB), onde é pastor-presidente. Gilmar é pregador há mais de 40 anos.
O grupo supostamente seria coordenado por Nely Carneiro da Veiga, que não é funcionário do MEC, mas que conforme apurado pelo Portal G1, respondia pela pasta em reuniões e o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), senhor Marcelo Lopes, com a anuência e participação do ministro, Milton Ribeiro que é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil. Ele revelou em áudio vazado que o esquema político-religioso existe a pedido do presidente Jair Bolsonaro. Em contato com a redação, aliados confirmaram a saída do ministro, hoje.
Segundo o Jornal Daqui, do Grupo Jaime Câmara, o prefeito Edmário disse fazer parte da mesma igreja que o ministro, tendo se identificado com o jeito dele e isso ter valido para a realização da visita ministerial, indicando se assim for, critérios informais ou de cunho religioso, para tratativa de questões sociais da educação, num país laico e democrático. Ceres, recebeu o ministro no dia 31 de maio de 2021 e uma semana antes, os dois pastores, na prefeitura, para tratar da visita, conforme disse o próprio prefeito Edmário, ao jornal O Globo.
Cabe frisar, que diversas autoridades municipais, tanto do poder executivo como do poder legislativo, congregam na Igreja Presbiteriana, onde o ministro da educação, Milton Ribeiro foi ordenado pastor, indicando também, uma provável gestão com tendência a desenvolver caráter fundamentalista. Gestão esta, que já esteve envolvida em outro escândalo, investigado pelo Ministério Público da Comarca, relacionado as vacinas da covid-19, em que supostamente a prioridade de vacinação não foi respeitada e a preferência foi dada a pessoas da elite ceresina.
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Essa situação traz um espectro assombroso para a aura da cidade de Ceres e deveria ser vista com seriedade pelas autoridades locais. O prefeito, para priorizar a honestidade e a transparência deveria se ausentar do cargo enquanto a investigação do STF toma seu curso. Por outro lado, a Câmara de Vereadores, deveria instaurar uma Comissão Especial de Inquérito (CEI), que poderia resultar na cassação ou permanência no cargo. Em caso de saída do prefeito, assumiria o vice, Dino Ayres, pessoa competente e a altura das exigências da função.
O Ministério Público também deveria agir e nesse momento, se mostra acanhado com relação ao tratamento visível do caso de possibilidade de lobby para acesso a serviços do Ministério da Educação, assim como a imprensa local, que em sua maioria omitiu a repercussão nacional e divulgou, apenas a carta de defesa do prefeito, blindando o chefe do executivo ceresino, de forma intencional ou não. A redação de OAgregador, em Brasília, aguarda agenda do Senador Randolfe Rodrigues, para realização de entrevista.