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Dezembrite: pressão por felicidade no fim de ano intensifica sofrimento emocional

Em uma sociedade que associa valor pessoal a sucesso e produtividade, pode favorecer a geração de frustração, vergonha e autodepreciação
Publicado em 29 de dezembro de 2025
por A Redação

O fim de ano, tradicionalmente associado a celebrações, reencontros e balanços pessoais, também tem se consolidado como um período de maior vulnerabilidade emocional para parte da população. Conhecido popularmente como “Holiday Blues” ou “dezembrite”, o fenômeno reúne sintomas como tristeza, ansiedade, irritabilidade, cansaço extremo, sensação de vazio, alterações no sono e isolamento social, inclusive em pessoas sem histórico prévio de transtornos mentais.

Leia agora: Dezembrite, a pressão por felicidade no fim de ano que intensifica sofrimento emocional

Embora amplamente difundido, o termo não é reconhecido oficialmente pela psiquiatria. “Cientificamente, a ‘dezembrite’ não é um diagnóstico nosológico formal; ela não consta no DSM-5-TR nem na CID-11. Se trata de um sofrimento situacional e de um estresse coletivo decorrente de demandas sociais, encerramento de ciclos e expectativas frustradas”, explica Arthur Rabahi, médico psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein Goiânia ao Jornal Opção. Segundo ele, dependendo da intensidade e da duração, essas manifestações podem preencher critérios de diagnósticos clínicos estabelecidos, o que torna fundamental a avaliação especializada.

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Entre pessoas com transtornos mentais preexistentes, 64% relatam piora dos sintomas durante as festas de fim de ano, de acordo com dados citados por especialistas. Para a psicóloga Marilene Martins, diretora do Instituto Habiens, o problema está menos no período em si e mais na pressão social que o acompanha. “Existe uma cobrança por performance emocional, afetiva e até de aparência, como se todos precisassem estar felizes, conectados e realizados. Quando a realidade não corresponde a esse ideal, sentimentos como solidão, culpa, luto, conflitos familiares e dificuldades financeiras vêm à tona com mais força”, afirma.

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O psiquiatra Arthur Rabahi destaca que, nessa época, há aumento da incidência de alguns diagnósticos específicos. “Observamos maior prevalência de transtorno de adaptação, episódios depressivos maiores, transtornos de ansiedade e, em menor grau no Brasil, transtorno afetivo sazonal”, explica. Ele acrescenta que o estresse intenso de dezembro pode funcionar como gatilho para recaídas. “Indivíduos com diagnósticos prévios apresentam níveis significativamente maiores de sintomas, insônia e até ideação suicida sob pressão emocional elevada”.

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Para o psicólogo Kassio Rosse Silva Kran, o fechamento simbólico do ano tem peso importante. “É um momento de balanço em que muitas pessoas percebem que metas não foram alcançadas. Em uma sociedade que associa valor pessoal a sucesso e produtividade, isso pode gerar frustração, vergonha e autodepreciação”, avalia. A comparação social, intensificada em confraternizações e encontros familiares, aparece como um dos principais fatores de sofrimento. “Medir-se pela régua do outro é um caminho perigoso para ansiedade e depressão”, diz.

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Outro ponto de atenção é o risco de banalizar sintomas mais graves. “O perigo de confundir a dezembrite com quadros clínicos relevantes é considerável”, alerta Arthur Rabahi. Segundo ele, o que parece apenas cansaço pode ocultar risco iminente de suicídio, uso abusivo de substâncias, transtornos de ansiedade que exigem intervenção imediata ou transtornos de humor. Entre os principais sinais de alerta estão sintomas persistentes por mais de duas semanas, perda total do prazer, prejuízo funcional, insônia grave e pensamentos recorrentes de morte ou desaparecimento.

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O consumo de álcool, comum nas festas de fim de ano, também agrava o cenário. “O álcool é frequentemente usado para mascarar ansiedade ou tristeza, mas é um depressor do sistema nervoso central. Ele pode exacerbar quadros depressivos, aumentar impulsividade e elevar o risco de tentativas de suicídio”, explica o psiquiatra, afirmando ainda que o uso de substâncias duplica o risco de abandono de tratamentos psiquiátricos em curso. A quebra da rotina de sono e alimentação completa o quadro. “A privação de sono desregula o ritmo circadiano e é um preditor direto de piora do humor e da ansiedade”, afirma.

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Para atravessar o período com mais equilíbrio, os especialistas defendem uma postura mais realista e menos pautada por expectativas externas. Marilene resume a estratégia como “menos é mais”. “Buscar conexões genuínas, respeitar os próprios limites, evitar ambientes que gerem cobrança excessiva e entender que não há obrigação de performar felicidade”, orienta. Kassio reforça a importância do autoconhecimento, do autocuidado e da validação dos próprios sentimentos. “Nem sempre é possível dar conta de tudo. Aprender a dizer não também é saúde mental.”

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Arthur Rabahi acrescenta que a procura por atendimento psiquiátrico costuma aumentar em dezembro, inclusive para ajustes de medicação relacionados à insônia e à ansiedade. Ele deixa um alerta final. “Se o sofrimento ultrapassa o limite do esperado, é fundamental buscar ajuda profissional. Sintomas intensos não devem ser normalizados”, completou.

Leia essa matéria também no Jornal Opção

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Ficha Técnica

Editor Chefe: Luiz Fernando
Supervisão: Greg
Autoria: Luan Monteiro
Redação: Kássio Kran
Imagem: Jornal Opção

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