“Há muito tempo em uma galáxia distante…” os jovens iam as sextas-feiras em locadoras repletas de fitas VHS e DVD e escolhiam 2 ou 3 títulos para levar para casa e assistir no final de semana. Isso foi nos anos 90 e início dos anos 2000. A internet crescia em ritmo acelerado e a globalização diminuía os limites e fronteiras do mundo.
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Novos serviços e produtos estavam surgindo e uma das indústrias mais impactadas não podia deixar de ser a do entretenimento. O mercado de filmes e séries foi incrivelmente transformado. A Netflix surgiu em 1997 nos Estados Unidos, era inicialmente um serviço de entrega de DVD pelo correio. Contudo aconteceu a expansão do streaming, disponível nos Estados Unidos a partir de 2007 e no Canadá em 2010.
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Hoje, mais de 190 países têm acesso à plataforma da Netflix e sua primeira websérie original de sucesso foi House of Cards, lançada em 2013. No futuro a plataforma pretende que 50% do seu catálogo seja de produções originais. Em novembro de 2021, a Netflix passou a The Walt Disney Company e se tornou a empresa de entretenimento com maior valor de mercado do mundo (291 bilhões de dólares). Mas nesse ano a empresa apresentou pela primeira vez decréscimo no número de assinantes nos Estados Unidos indicando novas mudanças.
Eu sou Eliéser Ribeiro, mestre em Sociologia, especialista em análise e visualização de dados e quero te convidar para compartilhar 5 reflexões curiosas sobre os usos do Netflix a partir da análise dos dados da utilização de 2014 a 2022 por uma família de classe média brasileira típica. Você poderá se surpreender com algumas conclusões. Venha comigo…
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1 — É POSSÍVEL TER ACESSO AOS SEUS DADOS DE USO DA CONTA DO NETFLIX
A Netflix é uma empresa orientada a dados, enquanto você vê a plataforma, ela também te vê e posiciona seus produtos de acordo com os metadados produzidos. Mas uma coisa que talvez você não saiba é que você pode ter acesso a todos os dados que o serviço de streaming produz sobre a sua conta.
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Muitos dados que eles armazenam sobre os assinantes são facilmente acessíveis entrando na conta por um navegador e clicando na opção Conta. A ação dá acesso a dados como: informações de pagamento e cobrança, seus perfis com detalhes sobre quaisquer outros perfis que tenham sido criados, histórico de interação com conteúdo — o que foi assistido e informações sobre suas interações com títulos de conteúdo, como filmes e séries que você classificou entre outros.
Você pode fazer a solicitação dos seus dados pelo link e em 48 horas é enviado para você
2 — GASTAMOS MUITAS HORAS COM NETFLIX
Se dividirmos um ano inteiro em horas teremos 8.765 partes. Nossa conta familiar do Netflix foi feita em 2014 temos, portanto, 9 anos de uso. Se somamos todos os perfis temos os incríveis 8.250 horas assistidas durante todo período. São 4 casas diferentes (mãe+kids, tia, tio e vovó) utilizando o serviço, seria como dizer que: É quase um ano inteiro de horas assistidas.
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O perfil que mais utilizou é o perfil da mãe com 2.343 horas, que tem vários usuários dentro de casa, o pai (eu), o vovô que morou com a gente um tempo e as crianças (vamos falar um pouco mais delas a frente). O segundo perfil mais utilizado é o da tia com 2.041 horas. E o perfil menos utilizado é o da vovó com apenas 715 horas, ela assiste algumas atrações, mas ainda prefere o conteúdo da TV.
Se somarmos os valores gastos ao longo dos anos, cerca de 105 meses, sem fazer ajustes de inflação, foi gasto o total de R$5.130,00 mil reais com o pagamento da assinatura do serviço de streaming. Um valor não trivial gasto ao longo dos anos.
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3 — QUANTO MAIS TEMPO LIVRE TEMOS, MAIS ASSISTIMOS NETFLIX
O que a gente faz no nosso tempo livre? Quem nunca “maratonou” uma série durante uma madrugada, ou aos finais de semana ou nas férias? Passando 100 horas em 2015, chegando a média de 830 horas entre os anos de 2017 a 2019 e alcançando o incrível pico de 2.300 horas no primeiro ano da pandemia (2020) devido a maior exposição das famílias isoladas dentro de casa por causa da ameaça da Covid-19.
Importante notar também que o mês que teve maior acesso somado todos os anos foi o mês de julho que coincide com as férias escolares e, portanto, as pessoas estão com mais tempo livre. E por fim, vale destacar que a madruga (00:00 às 06:00) e à noite (18:00 às 00:00) reinam como os períodos principais de acesso as atrações ao longo do dia.
4 — QUANDO TEMOS CRIANÇAS ELAS MONOPOLIZAM O USO DO NETFLIX
No ano de 2017, antes de termos nossos dois filhos, os títulos mais vistos eram Treze homens e um segredo, Breaking Bad, 13 Reasons Why, A proposta, Narcos, Sense8. Filmes e séries adultas e no hype (na moda) naquele tempo. Depois que as crianças nasceram elas monopolizam o uso da Netflix, do Youtube, e o nosso tempo livre vai para o espaço.
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As principais atrações se modificam completamente, os filmes adultos abrem espaço para Bita e os animais, e todas as outras sequências do mundo Bita, a encantadora animação Carros 1 e 2 (meu filho tem pelo menos 10 Mcqueen), não podemos deixar de citar o repetitivo Patrulha Canina e seus cachorrinhos coloridos e a rebolativa Galinha Pintadinha.
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5 — NETFLIX É UM GASTO QUE VALE MUITO A PENA
Por fim, vale destacar quanto tem custado cada título e se vale a pena consumir Netflix. Eu encontrei uma matéria do G1 (27/03/2022) informando sobre uma locadora na cidade de Bauru — SP que é uma heroína da resistência e que ainda aluga filmes e DVD’s por 5,00 até os dias de hoje.
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Se formos comparar os custos por cada título assistido ao longo dos anos no Netflix nunca passou de 0,50 centavos de real em cada ano. Em 2020 chegou ao recorde de 0,14 centavos depois de termos tido acesso a impressionantes 6.800 títulos no primeiro ano da pandemia. Só por curiosidade se a gente quisesse alugar esses títulos no modelo antigo teríamos que gastar a bagatela de R$34 mil reais. Hoje nossa família paga o valor mensal de R$55,90 para ter acesso a 4 telas e o valor parece bastante compensatório diante da abundância de títulos e facilidade de acesso ao conteúdo de todas as idades e formatos.
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Muito obrigado por ter acompanhado até aqui. Quem conseguir fazer esse tipo análise com os seus dados e quiser compartilhar comigo só enviar um e-mail que terei uma alegria de trocar ideia com você.
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Eliéser Ribeiro é sociólogo de dados, mestre em Sociologia, especialista em IA,
especialista em pesquisa e análise de dados. Trabalha com Python, R, SQL, Power BI, Tableau
