O caso refere-se ao professor Iguatemi Rangel, que é efetivo no Centro de Educação da Universidade do Espírito Santo (UFES), que atua como coordenador do curso de Licenciatura em Pedagogia desde 2017, com mandato atual reconhecido pela SEAD até julho de 2026 e apesar do histórico e da dedicação além da aprovação anterior foi indeferido ao participar do Edital 046/2024 devido a mudanças específicas nos critérios.
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As alterações em questão são inéditas e questionáveis considerando que outros 4 editais abertos pela mesma organização mantiveram critérios que permitiram a recondução de outros coordenadores. Desta forma, apenas o edital de Pedagogia impôs mudanças que o tornaram inelegível apesar de sua experiência e reconhecimento.
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Assim, duas hipóteses são levantadas para tentar explicar o ocorrido:
- PERSEGUIÇÃO POLÍTICA: A postura crítica do professor Iguatemi em relação a gestão da SEAD e sua atuação sindical podem ter gerado retaliações.
- RACISMO INSTITUCIONAL: A exclusão de um professor negro enquanto os demais coordenadores brancos foram reconduzidos reflete um padrão estrutural que dificulta o acesso de negros a espaços de decisão.
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O tratamento diferenciado no Edital sem justificativa plausível fere os princípios de isonomia, razoabilidade e transparência, além de desrespeitar normas institucionais como a Resolução CEPE/UFES 59/2023, reforçando barreiras estruturais e perpetuando desigualdades históricas.
A exclusão do único professor negro do processo seletivo é emblemática e demanda uma análise criteriosa para garantir que decisões administrativas respeitem a equidade e a justiça.
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O caso ocorre na mesma semana de uma outra situação em outro ambiente acadêmico, a Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo no ABC Paulista em que uma placa com a frase “Entrada permitida somente para brancos” foi colocada na porta de uma das salas de aula e gerou uma controvérsia ainda não totalmente esclarecida tendo uma repercussão extremamente negativa gerando inclusive denúncia junto a Policia Civil.
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A faculdade informou que a situação foi um mal entendido que na verdade se tratava de uma dinâmica/simulação que reproduzia situações específicas de um filme que aborda o racismo. Na mesma semana três estudantes da Universidade Federal da Bahia (UFBA) denunciaram uma mulher por injúria racial durante uma discussão, gerando agressões físicas a autora das ofensas preconceituosas que foi presa em flagrante.
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Outro caso na mesma semana, envolveu alunos da PUC-SP durante uma partida de handebol contra alunos da USP, todos estudantes de Direito, durante os Jogos Jurídicos Estaduais, em Americana-SP. As manifestações de preconceito que vieram à tona e tomaram as redes sociais, expõem um problema crônico que persistente na sociedade brasileira e levantam questões importantes sobre a aplicação da lei e a valorização de ações afirmativas. Com repercussão negativa, os autores do crime foram denunciados.
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Mas em meio a tudo isso, um vigilante que trabalhou por 12 anos em uma universidade na cidade de Itaperuna no estado do Rio de Janeiro que havia sido vítima de racismo recreativo em 2021 recebeu a decisão final da Justiça sobre seu caso. A faculdade que na época havia respondido que o caso se tratava de “uma brincadeira inofensiva por parte dos colaboradores” foi condenada a pagar 50 mil Reais de indenização. Tudo isso no mês da Consciência Negra.
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Mindu Zenek é do estado do Espírito Santo
assistente social e chargista
colaborador do Portal OAgregador