Marciliano é um médico muito respeitado na cidade, foi vereador por muitos mandatos, vice prefeito e mais algumas vezes vereador de novo. Nunca escondeu que seu maior sonho era ser prefeito, mas ficou só na vontade. Depois tentou novamente para vereador, mas zefiniu, não conseguiu mais se eleger.
Conto essa história porque vejo no vereador Reiller uma semelhança shakespereana com o ex-vereador Marciliano, no que diz respeito às suas pretensões políticas.
São dois atores coadjuvantes que ambicionou e ambiciona disputar o cargo de prefeito, mas ambos sempre estiveram a sombra do protagonismo de políticos alphas, esperando chegar a sua vez. O problema, tanto de um quanto de outro é o timing e a ousadia, pois deixaram passar o cavalo selado ou por falta de coragem de enfrentar a conjuntura ou por excesso de complacência.
Em Ceres, só dois vereadores foram prefeitos depois da vereança: Geraldo de Melo e Inês Brito; e só um prefeito foi vereador depois de ter passado pelo Paço Municipal, Antônio Hellu. Fora isso, foram só fracassos.
Daí, a gente vê dois caras ficarem três legislaturas na Câmara de Vereadores querendo ser prefeito. Resultado: o povo tem todo o direito de torcer o nariz.
Foi assim com Marciliano e, no caso do Reiller, desconheço até o momento, alguma alma viva que acredite que é pra valer essa jogada dele. O que muito se ouve é que ele percebeu que a oportunidade dele chegou. Daí a estratégia que se apresenta é: ele se lança como candidato a prefeito para negociar uma vice para essa eleição com a expectativa de extrair um compromisso de apoio do grupo para apoiar ele para prefeito em 2028.
Para as más línguas, tudo não passa de um mero cálculo politico eleitoral.
Uma negociação nos mesmos termos que foi feito com a Inês e o PT, lá atrás e que levou o grupo do Edmário a 12 anos no poder. Só que agora ele espera dobrar a meta e entregar 24 anos, ou seja: 8 para o Edmário (com ele de vice para os próximos 4 anos); 8 de Reiller na sucessão ; e no final, passa o bastão novamente para o Edmário para mais 8 anos.
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Um projeto de poder audacioso para o grupo que comanda a cidade, alternadamente, desde sua emancipação quando elegeu Domingos Mendes da Silva, lá na na década de 50.
Vai dar certo? Como diria nosso saudoso Mané, falta só combinar com os russos.
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Ceresino é jornalista e historiador popular, apaixonado por Ceres
e um colaborador do portal O Agregador