“O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia.
Clarice Lispector
Só o que está morto não muda!”
O processo de desenvolvimento pessoal pode ser lento e doloroso, mas é um caminho possível.
Não estou falando desse desenvolvimento pregado por pastor coach ou coach de Youtube. Nada contra porque sei que para muitos esse é um caminho, mas para mim não funcionaram. Quero aqui dialogar sobre esse desenvolvimento que acontece a partir do autoconhecimento, da autoanálise, da busca consciente que é possível com a terapia.
Porque acredito que quem eu sou nesse momento é resultante de um processo contínuo de evolução, de construção de múltiplas identidades: a de mulher, mãe, esposa, profissional, amiga, filha, irmã… E justamente por ser um processo, por estar em constante movimento que me permite acreditar que hoje posso ser melhor que ontem, e amanhã melhor que hoje.
Nessa busca por desenvolvimento, há momentos em que me deparo com muros repletos de telas com diferentes imagens: umas agradáveis, e outras nem tanto; algumas compreensíveis, outras puro mistério. Vejo uma porta, consigo adentrar, mas nada faz muito sentido. Lá fora a vida é rio que corre em aclive, mas segue seu curso. Aqui dentro só desamparo e incompreensão.
É quando desistir parece a melhor opção!
Mas o sentido de muro que precisa ser transposto, de pássaro que precisa voar, não permite desistir. Olho a tela de fundo negro com lindo girassóis amarelos na superfície, acreditando que há luz apesar de toda escuridão do momento.
E sim, há luz!
Luz que brota de uma minúscula e despretensiosa fresta do muro e aos poucos me atinge em cheio. Um brilho de consciência transborda e indica um caminho, um de muitos que precisarão ser trilhados para curar a criança ferida que em mim habita.
A racionalização de uma idiossincrasia.
Nesse instante Clarice faz tanto sentido… doce “epifania”… como é incrível esse processo de reconhecer verdades sobre si. É libertador… agora sei que posso transformar essa reação que tanto me incomodava, mas que sempre se repetia diante de determinados estímulos.
A partir de hoje tenho a liberdade de não reagir, de escrever um novo capítulo dessa história.
Ceres, 12 de fevereiro de 2022