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Silvio Santos foi pobre

Com uma infância difícil o persistente Silvio Santos se definia assim: "Ainda sou um camelô"
Publicado em 1 de setembro de 2024
por Kássio Kran

Silvio morreu tendo um patrimônio de pouco mais de 1 bilhão e meio de Reais, mas partiu praticamente do zero. Apelidado de Cenourinha, por causa do seu nome, Senor, começou a trabalhar aos 12 anos de idade. Seus pais tinham uma pequena loja de souvenir para turistas, mas não era suficiente para suprir as necessidades e arcar com o crescimento, porém mesmo assim, se formou como técnico em contabilidade. Desde novo já percebia o rumo de seu propósito e procurava meios de aceitar seu destino. Ele era o mais velho de 6 irmãos.

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Se pai era viciado em jogos e perdeu a loja por conta disso. A experiência comercial dos pais certamente foi imprescindível para inspirar sua caminhada. Sua mãe lhe batia por ele ir para o bar apostar em jogadores de sinuca. Temia que o filho seguisse os erros do pai mas o menino ganhava algum dinheiro com a atividade graças a uma incrível capacidade de observação. Deu start em sua carreira observando um vendedor ambulante no Centro do Rio de Janeiro vendendo capinhas para título de eleitor e decidiu entrar no ramo, abrindo uma “filial”. Comprou uma capinha e revendeu dizendo que era a última.

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Repetiu o processo algumas vezes e aos poucos observando outros ambulantes o jovem camelô ampliou a sua oferta de produtos com canetas, barbeadores, pentes, bonecas, remédios, assessórios de vestimentas como gravatas, suspensórios e até perfumes, que não eram da Jequiti ainda. Vendia de tudo das 11h até o meio dia, horário que o fiscal almoçava, pois não tinha licença e era menor. Aprendeu a fazer mágicas com moedas e cartas de baralho e com seus truques atraía a clientela e ia criando um público ao redor de sua banca até que virava um show em praça pública, livre para todas as idades. Foi capa de jornal bem antes da ser conhecido por conseguir transformar suas vendas em espetáculo.

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Este sucesso o levou a participar de concursos de locução na Rádio Guanabara, indicado por um fiscal da prefeitura que foi apreender seus produtos, concorrendo a bons prêmios em dinheiro. Faturou 12 vezes seguidas a competição até que os demais participantes, entre eles o gigante Chico Anysio decidiram impedi-lo e resolveu adotar um novo nome, Silvio Santos, desta forma driblar o registro de inscrição. Sua mãe o chamava de Silvio e num insight adotou o sobrenome de Santos, porque os santos ajudam. E ajudaram mesmo sendo judeu.

Assim aos poucos Senor, agora Silvio foi entrando para o universo radialista. Naquela época haviam embarcações que transportavam pessoas entre Rio e Niterói e numa dessas barcas instalou uma banca onde veiculava anúncios e músicas por meio de um sistema de alto-falantes ambientados. Fazia esse trajeto entre as duas cidades por trabalhar em uma rádio de Niterói e viu na viagem a oportunidade de dar mais passos. Depois em outro barco criou uma espécie de barzinho onde clientes ganhavam o direito de participar de bingos e jogos de sorte conforme consumiam bebidas. Eram os primeiros testes para tudo que o Homem do Baú faria na TV, incluindo a Tele Sena.

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Aos 24 anos mudou-se para São Paulo e abriu o bar Nosso Cantinho e visando publicidade se aproximou da Rádio Nacional onde conseguiu um emprego formal como locutor. Apelidado de Peru que Fala por falar demais apesar de ser tímido e ficar vermelho com facilidade. O apelido pegou e Silvio surfou nessa onda a ponto de criar e organizar a Caravana do Peru que Fala, levando pessoas para circos onde era o apresentador dos espetáculos no estado. Ao mesmo tempo criou uma revista chamada Brincadeiras Para Você, com curiosidades, piadas, palavras cruzadas, charadas e outros jogos. Eram os protótipos de seus programas na TV.

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Três anos depois o colega de trabalho, Manoel da Nóbrega, pai do Carlos Alberto de A Praça é Nossa, ofereceu a Silvio sua empresa que estava falindo, o Baú da Felicidade. Silvio comprou a empresa que estava quebrando. O produto para famílias humildes era inovador: um bauzinho cheio de brinquedos pago através de um carnê por 12 meses desde janeiro, de forma que em dezembro quem estivesse em dias recebia o produto para presentear os filhos no Natal. Assim nascia o império com 33 empresas de Silvio Santos, que foi parar na Revista Forbes como o primeiro bilionário do Brasil, através de Senor Abravanel, o eterno camelô.

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Kássio Kran é psicólogo, palestrante e terapeuta,
fundador do Instituto Ubuntue da Fundação Henrique Gabriel dos Santos
Atualmente é CEO do PASH – Plano Assistencial em Saúde Holística e assessor de cultura em Ceres

Ficha Técnica

Editor Chefe: Luiz Fernando
Supervisão: Rafaela Prado
Redação: Kássio Kran

Imagem em destaque publicada com respeito ao Direito de Imagem
Créditos: Marcos Zibordi (Visão do Corre/Rolê de Quebrada – Terra/SBT)

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