Faltando apenas 4 meses para o aniversário de 94 anos, Senor Abravanel deixou este plano. Acumulado uma fortuna de pouco mais de 1 bilhão e meio de Reais, resolveu dividir a herança ainda em vida, conforme divulgado por Laércio Botega do portal SCC10, ainda em maio deste ano, como que prevendo o desfecho de sua sina, além de ter se afastado das telas da tv, como quem queria tirar os últimos tempos para si mesmo. Foi um ano sabático. O último ano. Para alguns a iminência da morte é uma profunda experiência.
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O afastamento de Sílvio Santos já preparava o coração do público para a despedida final. Os telespectadores ansiavam seu retorno a cada domingo e agora os domingos já não serão os mesmos. E já na segunda feira, dia 19 de agosto, após o primeiro domingo sem Sílvio, o seu canal de tv, o SBT (Sistema Brasileiro de Televisão) comemorava 43 anos. Podemos dizer que comemorava? Sim, celebrando a vida de um mestre.
Quem acompanha a emissora já percebia as mudanças que vinham ocorrendo nos formatos e na programação. A partir desta data o SBT entra numa nova era. O maior apresentador do Brasil teve o fim de seu ano sabático, no sábado, foi sepultado no domingo e na segunda, o ritmo era de festa. A vida e suas variantes.
O Programa Sílvio Santos é a atração de auditório com mais tempo no ar, no mundo. São 61 anos de existência com aquela que por meio de caravanas é considerada a plateia mais animada de todas. Sílvio era um animador. Fazia a dona de casa sofrida, sorrir, cantar e sonhar. Sílvio é muito maior que o seu canal e nem a soma de suas empresas alcançam o tamanho do Homem do Baú. Se um dia o SBT falir, seu fundador continuará existindo.
Aliás, todos os canais abertos noticiaram e cobriram o maior evento do ano no Brasil. A Globo e a Record, as principais concorrentes, adiaram estreias de quadros em programas dominicais em respeito a aquele que reinventou a televisão e até o todo poderoso Jornal Nacional dedicou-se a homenagear “o patrão”. A apresentadora Renata Vasconcellos faz a abertura do JN dizendo: Sílvio Santos vem aí. Está no Youtube. Seu último feito foi quebrar os muros e os paradigmas da guerra de audiência, fazendo as emissoras se dobrarem, se curvarem diante de seu legado, obrigando-as não a reconhecer seu tamanho, ele não precisava disso, mas sim a desfazerem-se do ego.
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Diante de tudo isso, Silvio Santos não morreu, quem morreu foi Senor Abravanel, seu nome de registro. Esse apresentava-se apenas para a família, nós, o público e suas colegas de trabalho, nunca o conhecemos. Dizem que o que ele mais gostava de fazer era assistir televisão. O Brasil conhece bem o significado da palavra mito. Morre um homem, fica a lenda e esta lenda não nasceu com a morte deste homem. Alguns tem o mérito ou o propósito de serem uma lenda ainda vivos e quando morrem, só eternizam.
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Kássio Kran é psicólogo, palestrante e terapeuta,
fundador do Instituto Ubuntue da Fundação Henrique Gabriel dos Santos.
Atualmente é CEO do PASH – Plano Assistencial em Saúde Holística e assessor de cultura em Ceres
