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Como lidar com os sentimentos estranhos e desconfortáveis de fim de ano

Chamada de síndrome do fim de ano, acomete muitas pessoas em dezembro com sentimento de melancolia e tristeza
Publicado em 22 de dezembro de 2025
por Kássio Kran

Dezembrite não é um termo oficial ou cientificamente aceito, mas sim uma expressão popular difundida socialmente que se refere a um fenômeno social que acomete muitas pessoas na época de fim de ano, chamado também de “síndrome do fim de ano”, termo igualmente informal. Trata-se de um sentimento de melancolia e tristeza gerado pelas frustrações geralmente acumuladas ao longo do ano, que agora batem a mente do indivíduo em forma de reflexão e até mesmo de auto depreciação.

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Ocorre em virtude do fechamento do ciclo anual, como uma espécie de “pausa para balanço”, onde o sujeito percebe que muito do que havia planejado não foi executado conforme o esperado, metas as vezes simples não foram atingidas, as vezes por falta de empenho ou mesmo por circunstâncias. Acontece que a sociedade cobra a tal da felicidade e o dito “sucesso” e muitas vezes essa metas e objetivos são irreais ou de terceiros, podendo causar também esse tipo de sofrimento psíquico por não corresponder a expectativa de alguém, denotando falta de organização de ideias e de amor próprio.

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Tudo o que a pessoa viveu serve de parâmetro para ela se comparar a outras pessoas e se cobrar. Há um sentimento de vergonha em muitos casos que viram parceiros do sujeito, por não ter feito “nada” o ano todo. Muitos fatores contribuem para o aumento do estresse e do esgotamento nessas épocas de final de ano e há um condicionamento social que diz que é necessário estar bem, visível pelos especiais da TV e pelas musiquinhas que tocam em vários estabelecimentos comerciais, além do incentivo ao consumismo, com múltiplos amigos secretos, gerando a necessidade de gastos que muitas vezes a pessoa não tem condição de arcar e evita dizer não, para manter sua imagem.

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A pressão sutil, mas excessiva por fechamento de metas, balanços financeiros e expectativas familiares pode agravar quadros de ansiedade e depressão chegando a ser fatal para uma pessoa adoecida e fazer uma pessoa saudável do ponto de vista psicológico, entrar em processo de adoecimento. É necessário entender que nem sempre o nosso querer e o nosso fazer é igual ao do outro e que o que reapresenta sucesso para um, não representa sucesso para o outro, portanto bater metas muitas vezes corresponde a atingir a expectativa do outro e não um interesse meu, o que explica também o desinteresse por certos objetivos em alguns casos.

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Algumas pessoas gostam e almejam um carro, outras não, por exemplo. Tem gente que não terá o carro as vezes por questões financeiras e vão assumir isso e ficar bem, outras por algum motivo no constructo de sua história, reagirão mal e irão se culpar, mesmo que não houvesse possibilidade para a aquisição de tal bem. O desânimo que bate nessas épocas pode ser sintoma grave, mas algumas pessoas só estão cansadas mesmo. Usando outra expressão popular, as vezes com baixa “bateria social”, precisando recarregar e já estiveram tão envolvidas com tanta gente e tanto processo ao longo do ano, que querem ficar quietas, tirar tempo e espaço para si mesmas e tá tudo bem.

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E o termo “bateria” se encaixa bem, porque compromissos frequentes e excessivos consomem nossa energia. Ninguém é obrigado a conviver e sorrir o tempo todo e isso precisa ser aceito também. A tal da felicidade constante, apesar de ser uma “obrigação” nas culturas ocidentais, não é uma regra. O ideal é que tivéssemos essas confraternizações e momentos de autocuidado o ano todo. Mas se essa irritabilidade que pode levar a um distanciamento social ao invés de trazer algum ganho, como a redução do estresse, está trazendo prejuízo emocional a pessoa, aí precisa ser revisto. Se essa queda de motivação for um convite ao isolamento, pode ter algo errado que precisa ser considerado.

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A Síndrome de Bournout é um acometimento complexo, normalmente multifatorial, mas a chamada dezembrite pode ser um elemento importante para o surgimento ou agravamento da situação. Em dezembro existe uma pressão pelo fechamento das atividades. Dia desses numa reunião com a minha equipe de trabalho, disse que o mês de dezembro é menor que o de fevereiro, pois tem na minha visão, 23 dias, uma vez que 24 é véspera de Natal e muitos entram de recesso nessa data.

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Há uma cobrança para que as coisas sejam resolvidas antes do ano acabar, por isso, muita pressão, pressa e tensão, gerando sobrecarga, fadiga e acúmulo de tarefas que pode comprometer a duração ou a qualidade do recesso. Se não houver manejo adequado dessa situação, gestão emocional, gestão de estresse e resiliência, o estresse pode subir e atingir nível suficiente a ponto de desencadear essa e outras doenças.

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É delicado falar em resiliência nesses casos, porque pode ser interpretado como uma certa obrigação de ter que aguentar tudo e não, resiliência é uma ferramenta, uns tem, outros não, uns sabem usar outros estão aprendendo. Me lembra um trecho da cancão That’s May Way do Edi Rock, em que diz: “Lamenta, aguenta, enfrenta a batalha Violenta, é a vida, no fio da navalha” A vida pega pesado as vezes e nem todo mundo vai conseguir passar por esse fio de navalha sem se cortar, por isso cabe a cada um de nós ter um pouco de empatia quando encontrar alguém nesse estágio de sofrimento de exaustão.

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As festas de fim de ano podem intensificar esse tipo de sentimento nas pessoas. Se comparar aos outros é algo perigoso e serve de alerta, pois é campo aberto para depressão e ansiedade, favorecido por baixa autoestima e falta de amor próprio. A única pessoa com a qual você deve se comparar é com você mesmo. Não se deve medir-se a si, com a régua do outro. Somos únicos em nossa individualidade, literalmente.

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Se você observa um vizinho que corre cada dia 4km, mas você não caminha nada, não deve usar isso como parâmetro. Comece pequeno, dê uma volta lenta no quarteirão, mantenha a constância e pode ser que no final do próximo ano você esteja correndo 4km. Pode ser que o vizinho esteja correndo 40 ou até que tenha parado, não importa. Mas nessa época é impossível fugir das comparações e conselhos não aplicáveis, a grande questão é lidar com isso e focar no que você é e fez até aqui.

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O desconforto causado pela chamada dezembrite é temporária, portanto qualquer sofrimento psíquico que seja mais duradouro merece atenção especial. Se a distância social começa a parecer isolamento ou as reflexões passam a dar lugar para pensamentos desordenados, intrusivos e distorcidos, há algo a mais aí que precisa ser visto com atenção. Se a busca do descanso não traz descanso, algo não está certo também. Se a irritabilidade nunca passa, há uma disfunção aí. Querer corresponder a expectativa do outro e não se atentar aos seus próprios interesses, também é sinal de problema. Tristeza sem motivo aparente que não vai embora também é um sinal importante.

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O álcool e o sono desregulado, de maneira separada já prejudicam o equilíbrio emocional, se somados então os prejuízos são imensos. O álcool a princípio tem um efeito relaxante e por isso auxilia a dormir, mas é uma droga depressora do sistema nervoso e com o tempo, traz piora na ansiedade, mais irritabilidade, estresse e assim aumenta consideravelmente o nível de cortisol no organismo, desregulando a distribuição de serotonina e dopamina causando alterações de humor e dificuldade no processamento de emoções, tornando ainda mais difícil a lida com frustrações e tantas outras questões que favorecem essa dita “síndrome do final do ano”, a dezembrite. E como o álcool ameniza certos sentimentos, pode criar um ciclo vicioso que retroalimenta o problema.

Algumas estratégias práticas são recomendadas para lidar com a sobrecarga emocional do fim do ano. Primeiro, focar em si mesmo. Quais são suas necessidades? Se precisar ficar quieto, respeite o seu sentimento. Se sentir confortável para estar em convívio social, permita-se. Autoconhecimento é essencial para essa percepção. Perceba se as expectativas são suas ou dos outros.

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Pratique o autocuidado, faça exercícios físicos e procure sempre simplificar a rotina, lembrando que nem sempre dá para fazer tudo e nesse sentido é importante estabelecer metas e planos atingíveis. Nada de querer salvar o mundo. Aprenda a dizer não quando necessário, isso é libertador. Valide seus sentimentos. Não há nada de errado em sentir tristeza, cansaço e outros difíceis de digerir. Ninguém é alegre o tempo todo e lutar contra isso pode intensificar problemas emocionais. Procure ter uma rede de apoio com pessoas próximas. Se existe um problema de fato, reconheça, pois ao reconhecer estará dando o primeiro passo para mudar e busque ajuda profissional se suas estratégias e ferramentas não forem suficientes.

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Kássio Kran é psicólogo, palestrante e terapeuta,
fundador do Instituto Ubuntu e da Fundação Henrique Gabriel dos Santos
Atualmente é CEO do PASH – Plano Assistencial em Saúde Holística

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Ficha Técnica

Editor Chefe: Luiz Fernando
Supervisão: Greg
Redação: Kássio Kran
Imagem: OA

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