Quem não conhece a icônica frase de Nietzsche quando disse “Deus está morto”?!
Ou Marx quando escreveu que “a religião é o ópio do povo”?!
Cada um escreveu isso dentro de um contexto específico retratando a conjuntura do seu tempo.
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Pois bem, recentemente Vladimir Safatle, um intelectual brasileiro, professor da USP, escreveu num livro – Alfabeto das Colisões – que a “esquerda morreu”. Assim como Nietzsche e Marx, Safatle usa a conjuntura atual como plataforma de sustentação para defender sua tese. Com exceção de Marx, torci o nariz e fui muito cético para ler as teses dos outros dois, mas tive que me dobrar à interpretação dos três, pois o trio faz uma leitura corretíssima da conjuntura que cada um estava envolvido.
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Mais especificamente sobre a tese de Vladimir Safatle de que a esquerda morreu, basta olhar nas ruas e na internet, em especial, para os candidatos aos cargos municipais deste ano. Quem está filiado a algum partido dito de esquerda está envergonhado de se identificar como esquerda. Ou o termo correto não seria envergonhado?
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Exemplos
Em entrevistas do candidato do PSB a prefeitura de Ceres, o cara luta o tempo todo contra o entrevistador para contestar que é um representante da esquerda, como se isso fosse desabonar sua candidatura.
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Estava vendo um stories de um candidato a vereador e ele postou um vídeo motivacional de Abílio Diniz, um megaempresário e um dos ícones do mercado e representante da Faria Lima e de tudo que Paulo Guedes, Bolsonaro e a direita defendem.
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O vice Luciano do PL, postou ainda quando pré-candidato a prefeito, em seu stories no Instagram, fotos ao lado de camponeses, com reuniões na zona rural, participando de cursos de formação e qualificação de trabalhadores e trabalhadoras rurais em parceria com o sindicato rural. Um autêntico trabalho de base com pessoas menos favorecidas. Luciano é bolsonarista e diz isso com muito orgulho.
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Reiller, candidato do partido Republicanos, não se cansa de falar que é um candidato de direita do campo conservador. Marciliano, candidato a vereador pelo União Brasil, em uma entrevista na VGS TV se identificou em alto e bom som como um candidato de direita, como se isso fosse um cartão de visitas.
Que tempos são esses que a direita se orgulha em se apresentar e a esquerda se encolhe ou se fantasia de isento?! Podemos esperar resultados satisfatórios ou defesa enfática das pautas sociais, da luta contra a desigualdade, a favor da educação, saúde e combate à injustiça, com representantes conservadores, isentos ou intimidados pela direita?
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A ressurreição da esquerda é possível?
Aguardemos a páscoa vermelha!
PS: O texto é um recorte. Sem generalizações, por favor.
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Ceresino é jornalista e historiador popular, apaixonado por Ceres
e um colaborador do portal O Agregador