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Uma referência se vai: Morre Dona Jacira

Mãe do rapper Emicida, detentora de tecnologias ancestrais a artista deixa um legado incalculável e profundo impacto de transformação social
Publicado em 29 de julho de 2025
por Kássio Kran

Nascida no dia de Natal de 1964, Jacira Roque de Oliveira, conhecida e reconhecida como Dona Jacira, morreu no dia 28 de julho de 2025 aos 60 anos, depois de um período de internação na capital paulista. Mãe do rapper Emicida e do empresário Fióti, criadores da empresa Laboratório Fantasma (LAB) em 2009. Embora a causa da morte não tenha sido divulgada, ela tratava de lúpus e fazia hemodiálise há mais de 20 anos.

Veja o Instagram de Dona Jacira

Estava há mais de 1 mês afastada de suas atividades e até das postagens no seu Instagram, por conta dos sintomas da fibromialgia que levou-a inclusive a mudar de casa. Em seu último registro nas redes sociais no dia 13 do mês passado, disse que estava triste por estar afastada e que as suas atividades é que lhe traziam vida e sol. Contou que apesar da tristeza tinha fé na cura e carregava saudade da interação direta com seu público, com as suas plantinhas e até com os passarinhos.

Dona Jacira Roque de Oliveira, detentora de tecnologias ancestrais de sobrevivência e resistência e de saberes e fazeres, representa uma figura central e importantíssima para a cultura afro-brasileira ao compartilhar aprendizados e experiências, resgatando a memória coletiva e promovendo a autoestima de jovens negros e periféricos.

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Nascida e criada na zona norte de São Paulo, nas regiões do Jardim Ataliba e Jardim Cachoeira, sua história foi marcada por diversas dificuldade como maus-tratos na infância, internato e casamento precoce com Miguel aos 13 anos convivendo com o alcoolismo e a violência doméstica, seguido da perda do marido e anos de luta contra a pobreza, como é retratado nas músicas Crisântemo e Mãe de seu filho Leandro, o Emicida, ambas com a participação dela.

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Jacira Roque foi empregada doméstica por muitos anos e só se expressou artisticamente na vida adulta, quando mergulhou profundamente na arte, celebrando a cultura popular, falando inicialmente para o público de seus filhos ilustres e depois para o seu próprio público que a matriarca foi conquistando aos poucos, com sua autenticidade e simplicidade.

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Se tornou mãe, avó, compositora, poeta, artesã, escritora, artista plástica, influencer, ativista e outras coisas mais. Seus bordados foram parar nas peças de um desfile da coleção Herança da LAB em 2017 e em 2018 lançou seu livro Café, uma autobiografia em primeira pessoa, suave apesar de sua trajetória dolorida.  

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Depois lançou uma coleção de bonecas confeccionadas com retalhos descartados e colocou um podcast no ar, chamado Estórias de Família e ainda protagonizou um documentário na GNT mostrando suas contribuições à cultura nacional. Além de tudo isso Jacira Roque de Oliveira, ainda tinha formação como técnica em enfermagem, mas preferia ser reconhecida como formada em desenvolvimento humano, afinal as relações humanas era seu forte.

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Dona Jacira Roque construiu um legado que ultrapassa a família, unindo diferentes linguagens artísticas, sempre alinhando suas vivências a uma visão intensa e afetuosa. Sua presença materna influenciou não apenas os filhos, mas também inspirou cada espaço onde transformou palavras, arte e acolhimento em possibilidade de mudança positiva.

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Agiu intensamente nas comunidades sempre por meio da educação informal e da arte acessível e assim tornou-se uma referência com impacto social profundamente incalculável, atingindo com sua influência, lugares inimagináveis do mapa, inclusive a cidade de Ceres e sua região no interior de Goiás através do Instituto Ubuntu a partir de uma parceria inédita com a produtora LAB.

Nessa parceria firmada entre as duas instituições, a artista plástica e educadora artística Thátilla Vanessa, conhecida como Ninfa Azul dividiu a tela com Dona Jacira, num encontro de gerações alinhadas com propósito e compromisso social em uma live histórica promovida no fechamento do movimento Novembro Preto de 2020 em plena pandemia do coronavírus.

Veja aqui o Making-of: Live com Dona Jacira

Mas essa não foi a única vez que Dona Jacira colaborou com as atividades do Instituto Ubuntu. Em diversas ocasiões essa integração ocorreu, porém de maneira pública, apenas uma outra foi constatada durante o 1º Encontro sobre PICs e Terapias de Ceres, um importante marco para a solidificação do PASH – Plano Assistencial em Saúde Holística, o primeiro e maior do ramo no país que bebeu da fonte de conhecimento de Dona Jacira, sobre a terra, as plantas medicinais, escalda pés e cuidado humano.

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Jacira influenciou o estabelecimento de um mundo melhor e mais democrático e sua mensagem continuará ecoando, não apenas nas músicas e vozes de seus filhos biológicos, mas em ações e projetos audaciosos dos seus filhos afetivos por afinidade, numa proximidade que transcende portanto, os limites familiares, pois no fundo, somos uma só família com uma matriarca que agora, no Panteão dos Ancestrais, se torna nossa guardiã.

Obrigado Dona Jacira por tanto zelo. Sigamos com seu legado!


Kássio Kran é psicólogo, palestrante e terapeuta,
fundador do Instituto Ubuntu e da Fundação Henrique Gabriel dos Santos
Atualmente é CEO do PASH – Plano Assistencial em Saúde Holística

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Ficha Técnica

Editor Chefe: Kássio Kran
Supervisão: Luiz Fernando
Redação: Greg

Imagens publicadas respeitam a Lei de Direito de Imagem/Autoral
Créditos: Instituto Ubuntu

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