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Desmantelo da Saúde da Mulher em Itapuranga

A priorização de questões pessoais ou de politicagem acabam desmantelando aparatos de políticas públicas
Publicado em 28 de julho de 2024
por Joaquim Alcides

Em qualquer governo seja da esfera federal, estadual ou municipal, a prioridade deveria ser cuidar dos interesses sociais em favor exclusivo do bem comum, mas na prática, nem sempre isso acontece devido a priorização de questões pessoais ou de politicagem que acabam desmantelando aparatos de políticas públicas em fases embrionárias e até já consolidadas.

Esse vício político é um fenômeno comum, principalmente em troca de gestores numa verdadeira guerra de egos que quebram elos, gerada por orgulho e arrogância, cuja única vítima é a população, em especial a mais sofrida, a mais necessitada escancarando a carência de um povo que não tem acesso democrático de qualidade aos serviços básicos.

Situação esta também vista na cidade de Itapuranga no interior de Goiás, onde após planejamento para a construção de uma política pública para a saúde da mulher em todo o processo de maternidade, sem cunho partidarista, acabou sendo destituída e desmontada em nome de ações voltadas para a politicagem, frente a iminência da troca de gestão em virtude das eleições municipais de 2024.

A enfermeira obstétrica Lia Muniz, concedeu entrevista ao Programa Diário da Comunidade, na Rádio Alternativa FM daquela cidade e contou que atuava no referido município auxiliando no acompanhamento de gestantes e suas famílias desde a concepção até o pós parto e foi desligada contra a sua vontade a partir de uma quebra de acordo por parte da Prefeitura Municipal de Itapuranga por meio de sua Secretaria de Saúde, deixando as mulheres abandonadas.

Clique aqui e assista a entrevista completa

Conforme ela, que foi contratada via credenciamento por meio de um processo seletivo claro e transparente, o projeto previa ainda o trabalho de conscientização sobre o parto humanizado, com a construção inclusive de uma cartilha, que em 1 ano de seu trabalho, nunca saiu do papel, ou melhor, não virou papel e não chegou a população, sem que houvesse uma explicação plausível.

Leia agora: Se somos humanos, por que falar em parto humanizado? – Artigo da especialista Lia Muniz

O programa é tradicional na cidade e é apresentado pelos Advogados Tomaz Campos e Mauro Pereira. Nele, a profissional ainda relatou ter sido demitida sob argumentos que deram a entender algum tipo de perseguição política devido a amizade e proximidade da mesma com o atual vice prefeito, Paulo Horta, tendo sido convidada a entrevista, após se manifestar em suas redes sociais sobre o ocorrido, como uma forma de dar satisfação aos pacientes e munícipes que ainda a procuraram após sua demissão ocorrida de forma repentina, prejudicando as equipes de saúde que foram pegas de surpresa com a decisão arbitrária do prefeito.

Clique aqui e assista aqui o vídeo completo

O vídeo em questão foi reproduzido em áudio na abertura do programa e tem quase 10 mil visualizações até o lançamento desta matéria e os comentários demonstram que há uma grave ruptura no Partido dos Trabalhadores (PT) de Itapuranga, sendo uma cisão ideológica entre prefeito e seu vice que se bem explorada pela oposição, pode custar a reeleição de Paulinho Imilia, que segundo o apresentador do programa “vende a saúde em troca de votos”.

Leia agora: Realizada por Lia Muniz, Capacitação em Parto Humanizado no Hospital São Pio X

A enfermeira, que faz parte de uma comissão interna do COREN-GO (Conselho Regional de Enfermagem de Goiás), denunciou ainda a existência de duas banheiras para realização de parto humanizado, sendo que apenas uma destas se encontra no hospital e não está apta para o uso, sem também uma explicação palpável, que se segue, dada a inoperância dos gestores municipais frente a situação.

Leia agora: COREN-GO cria Comissão de Práticas Integrativas e Complementares

A repercussão do vídeo e da entrevista mostram o quanto o trabalho de Lia Muniz pelo SUS itapuranguense reverberou de forma positiva entre as pacientes que comentaram unanimemente a seu favor, demonstrando um sentimento de desamparo social e coletivo que atinge as mulheres e famílias em uma realidade que começava a ser positivamente modificada, gerando insegurança entre as gestantes que demonstram não confiar totalmente nos trabalhos obstétricos do município.

Leia agora: Violência Obstétrica: O sonho que se tornou um pesadelo – Artigo da especialista Lia Muniz

O entrevistador Dr. Tomaz trouxe a consciência uma possibilidade que pode ter contribuído para a demissão injusta e injustificada de Lia Muniz que além de enfermeira obstétrica, também é doula, conta em seu currículo com especialização em Medicina Tradicional Chinesa e é diretora do PASH, o primeiro plano de saúde holística do Brasil.

Saiba mais: Hospital Santa Casa do Povo agora oferece terapias holísticas em Itapuranga

Para ele a exoneração de Lia Muniz, tem como motor, o lobby da medicina que mercantiliza a saúde que foi determinante para a derrubada do projeto, uma vez que as ações elegiam uma ruptura da cultura médica, mesmo sem contrapor-no-la, contrariando os interesses de uma elite poderosa, alicerçada em força financeira e política, que entranhada dentro do sistema, faz de tudo por se sentir ameaçada quando há uma possibilidade nova, que resgata ações naturais e quebra paradigmas, adentrando no mercado. Fato este que pode ser uma explicação para o cerceamento do trabalho da especialista que termina em algo negativamente mais amplo que isso, que é o sucateamento do cuidado em saúde da mulher.

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Joaquim Alcides é um filho de Ceres, seus pais foram pioneiros,
atualmente reside no estado do Mato Grosso,
é professor e Doutor em Sociologia e colaborador deste portal

Ficha Técnica

Editora Chefe: Rafaela Prado
Supervisão: Luiz Fernando
Redação: Greg
Colaboração: Marta 

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Créditos: O Agregador

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