Parece inevitável que as novas tecnologias e a inteligência artificial modifiquem profundamente a nossa forma de trabalhar e gerem desemprego, desigualdade e pobreza no médio e longo prazo. Como as máquinas e algoritmos se tornam cada vez mais avançados e capazes de realizar tarefas antes exclusivas dos seres humanos, muitos trabalhos serão automatizados, resultando em desemprego para aqueles que os exerciam.
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Além disso, a desigualdade econômica pode aumentar, com aqueles que têm habilidades avançadas e conhecimentos de tecnologia tendo acesso a empregos melhores e mais bem remunerados, enquanto outros lutam para encontrar trabalho. A pobreza também pode aumentar, como resultado da falta de emprego e renda. É importante que medidas sejam tomadas para mitigar esses efeitos negativos e garantir que as pessoas possam se adaptar e prosperar em um mundo cada vez mais tecnológico.
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É fácil para aqueles que estão profundamente envolvidos na tecnologia e entusiasmados com suas possibilidades esquecerem que mesmo quando se constrói máquinas e algoritmos fantásticos com as melhores intenções, haverá consequências imprevistas. A automação de trabalhos pode levar a desemprego em massa, a inteligência artificial pode perpetuar preconceitos e discriminação existentes, e a dependência excessiva da tecnologia pode prejudicar a nossa capacidade de pensar e agir de forma autônoma. É importante lembrar que, enquanto a tecnologia é uma ferramenta poderosa, ela é apenas isso: uma ferramenta, e não é uma solução mágica para todos os problemas. É necessário ter uma visão crítica e considerar cuidadosamente as possíveis consequências de nossas ações tecnológicas.
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Conceito de tecnologia responsável
Com o avanço das novas tecnologias e da inteligência artificial, tem-se se preocupado cada vez mais em como garantir que esse sistema funcione articulado num conceito de “tecnologia responsável”. As inovações devem ser utilizadas de forma ética e consciente, levando em conta seus impactos sociais, culturais, ambientais e éticos.
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Esse é o objetivo da tecnologia responsável, que busca considerar questões como privacidade, inclusão, diversidade e equidade, na forma como a tecnologia é desenvolvida, implementada e utilizada. O objetivo é garantir que a tecnologia beneficie toda a sociedade e não prejudique grupos específicos de pessoas. Além disso, é importante considerar como essa tecnologia pode ser usada para repensar o capitalismo, para que ele seja mais humanizado, onde o benefício econômico seja alcançado sem prejudicar a vida das pessoas e comprometer o planeta.
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O impacto da tecnologia no emprego é uma das questões abordadas pelo conceito de tecnologia responsável. A automação e a inteligência artificial têm o potencial de substituir muitos empregos, o que pode levar a desempregos em massa e desigualdades econômicas. A tecnologia responsável precisa equilibrar esses impactos, por exemplo, garantindo que as pessoas tenham acesso às habilidades e recursos necessários para se adaptar aos novos empregos criados pela tecnologia, e também estimulando a criação de empregos novos e desenvolvimento de habilidades para os trabalhadores. A medida mais importante será buscar a possibilidade de implementação de políticas públicas para mitigar os impactos negativos da automação no emprego, das relações interpessoais e da exploração dos recursos naturais.
Algumas medidas mínimas que precisam ser consideradas para mitigar os impactos negativos da automação do emprego incluem:
1. Investimento em educação e treinamento: Isso pode ajudar as pessoas a desenvolver habilidades relevantes para os novos empregos criados pela automação e tecnologia.
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2. Programas de renda básica: Esses programas podem proporcionar uma renda segura para as pessoas que perdem seus empregos devido à automação, dando-lhes tempo e recursos para se adaptar e encontrar novos empregos.
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3. Estímulos fiscais para empresas que mantém empregos humanos: Isso pode incentivar as empresas a continuarem a empregar pessoas, mesmo que a automação possa fazer o trabalho de forma mais eficiente.
4. Proteção dos direitos dos trabalhadores: Medidas para garantir que os trabalhadores tenham direitos básicos, como seguro-desemprego, licença-maternidade, entre outros direitos trabalhistas, pode ajudar a mitigar os impactos negativos da automação do emprego.
5. Criação de empregos verdes: Investir em tecnologias limpas e renováveis pode criar empregos em áreas como engenharia, instalação e manutenção de equipamentos.
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6. Enfrentar de forma global: os problemas das cadeias produtivas, das migrações de mão de obra, da exploração de recursos naturais, da preservação do meio ambiente e do desemprego estrutural não somente de um país ou região, mas de todo planeta.
Essas são algumas das medidas que podem ser consideradas, mas é importante lembrar que cada país e cada situação é única e é preciso avaliar cuidadosamente as implicações antes de implementar qualquer política pública.
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Pesquisa sobre o tema
O MIT Technology Review Insights publicou um relatório intitulado “O estado da tecnologia responsável”, patrocinado pela Thoughtworks, confira o relatório aqui. Ele foi elaborado com base em pesquisas e entrevistas com executivos e lideranças, e tem como objetivo mostrar as diferentes abordagens adotadas por líderes empresariais para alcançar os objetivos de tecnologia responsável, seja por meio de políticas, estruturas ou estratégias.
As lideranças empresariais de hoje precisam estar cientes da importância crescente da tecnologia responsável. Com 73% dos indivíduos afirmando que o uso responsável da tecnologia é tão importante quanto as considerações financeiras e comerciais, é vital que os líderes estejam preparados para incorporar essa preocupação em suas decisões tecnológicas. Além disso, é importante que as lideranças estejam dispostas a ser transparentes e responsáveis perante seus stakeholders quanto a como as tecnologias são utilizadas e os possíveis impactos sociais e ambientais.
É curioso notar que 67% das empresas afirmam ter metodologias e diretrizes estabelecidas para a tecnologia responsável, mas ainda assim, vemos problemas mundiais relacionados à falta de responsabilidade da tecnologia. Isso pode indicar que, embora as empresas estejam tomando medidas para garantir o uso responsável da tecnologia, ainda há um longo caminho a percorrer para garantir que essas metodologias e diretrizes sejam efetivamente implementadas e aplicadas. É importante destacar que a tecnologia responsável não é apenas a responsabilidade das empresas, mas também da sociedade como um todo, incluindo governos e indivíduos. É necessário um esforço colaborativo para garantir que a tecnologia seja usada de forma ética e segura.
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As políticas de tecnologia responsável não podem ser apenas um discurso diante de consumidores e clientes. Embora 52% dos entrevistados afirmem que a imagem da organização é um dos principais motivadores para a implementação dessas políticas, é importante lembrar que as ações devem ser efetivas e gerar mudanças concretas tanto no curto quanto no médio prazo. Isso significa não apenas falar sobre a responsabilidade tecnológica, mas também criar mecanismos internos para garantir que a organização esteja seguindo as diretrizes estabelecidas. Isso inclui monitorar e avaliar regularmente seu desempenho, identificando e corrigindo problemas, e garantindo transparência e comunicação aberta com os stakeholders. A tecnologia responsável precisa ser uma parte integrante da cultura e dos valores da organização.
A liderança é crucial para a implementação efetiva de políticas de tecnologia responsável. 52% dos líderes empresariais afirmam que a falta de engajamento e compreensão da administração superior é o principal desafio para a implantação de práticas responsáveis. Sem o apoio e a liderança dos administradores superiores, as mudanças simplesmente não acontecem.
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É importante lembrar que as políticas e práticas de tecnologia responsável devem ser vistas como uma parte fundamental do negócio e não apenas como uma tendência ou uma estratégia de marketing. A falta de compromisso real e ação efetiva por parte dos líderes pode levar a uma descrença e descontinuidade das políticas, tornando-as apenas história para livros de gestão.
Considerações finais
Em resumo, a tecnologia e a inteligência artificial têm o potencial de modificar profundamente a nossa forma de trabalhar, gerando desemprego, desigualdade e pobreza no médio e longo prazo. É importante tomar medidas para mitigar efeitos negativos e garantir que as pessoas possam se adaptar e prosperar em um mundo cada vez mais tecnológico.
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Além disso, é fundamental considerar a tecnologia responsável, que busca considerar questões éticas, sociais, culturais e ambientais na forma como a tecnologia é desenvolvida, implementada e utilizada, garantindo que beneficie toda a sociedade e não prejudique grupos específicos de pessoas. É importante também considerar como essa tecnologia pode ser usada para repensar o capitalismo e garantir um benefício econômico sem prejudicar a vida das pessoas e comprometer a existência humana.
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Eliéser Ribeiro é sociólogo de dados, mestre em Sociologia, especialista em IA,
especialista em pesquisa e análise de dados. Trabalha com Python, R, SQL, Power BI, Tableau
