Hospitais Filantrópicos existem no Brasil, de maneira oficial, há 480 anos. Surgem de uma demanda popular e emergente e crescente no período colonial, para atender os menos favorecidos da sociedade brasileira, que desde os primórdios, se erguia com uma filosofia elitizada, que já fomentava a marginalização social.
Dentre os hospitais filantrópicos, estavam as Santa Casas, que eram e são maioria em quantidade e abrangência. Sem finalidade lucrativa, essas entidades conseguem reduzir em até 8 vezes o gasto em comparação a instituições privadas de saúde, mesmo sendo vítimas de sucateamento financeiro e operacional. O verdadeiro milagre da multiplicação.
Há hospitais filantrópicos por todo o Brasil, como símbolos vivos de resistência da saúde pública de qualidade, na defesa do SUS (Sistema Único de Saúde) e estes hospitais, conseguem cobrir, todo o território nacional, a partir de cada localidade em que estrategicamente estão inseridos.
São quase 2.000 santas casas que atuam desde a prestação de serviços simples até a oferta de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e ainda cirurgias complexas, mantendo mais de 1 milhão de empregos diretos. Cerca de 60% dos atendimentos em tratamento de câncer, são prestados por hospitais filantrópicos.
No ápice da pandemia de COVID-19, as santas casas, disponibilizaram mais de 10 mil leitos para tratar pacientes acometidos do coronavírus. E mesmo assim, com todos esses dados, 315 desses hospitais tiveram as portas fechadas entre o governo Temer e o governo Bolsonaro, já que nesses 6 últimos anos, uma espécie de necropolítica vem sendo implantada por meio de um projeto obscuro de desassistência das pessoas carentes do acesso a saúde.
Diante desse desmonte que inviabiliza a manutenção do acesso democrático a saúde e invisibiliza o povo que precisa desse acesso garantido por lei, foi criada a Federação Goiana das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, no último mês, com a participação de instituições fortes, como a Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, a Fundação Banco de Olhos de Goiás, o Hospital de Caridade São Pedro de Alcântara da Cidade de Goiás, a Vila São Cottolengo de Trindade, a Casa de Eurípedes (instituição psiquiátrica) e o Hospital Araújo Jorge, referência no combate ao câncer.
O Hospital São Pio X, de Ceres, através de sua Associação, também fez parte da fundação dessa Federação, em busca de melhorias para prestação de serviços médico-hospitalares em área clínica e de maternagem, nas quais é referência e atende todo o Vale do São Patrício, se destacando no quesito humanização e tratamento natural, uma vez que mantém vivo, seu trabalho em fitoterapia, ressaltando que a difusão das PICS (Práticas Integrativas e Complementares em Saúde) e atividades empreendedoras podem ser um meio de fortalecimento destas instituições filantrópicas.
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A cerimônia oficial de posse da nova entidade será no próximo dia 15 de agosto e terá a médica pediatra, senhora Irani Ribeiro de Moura como presidente. Ela é Superintendente Geral da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia. Além da Diretoria, outros membros tomarão posse, entre eles, Shirley Kellen Ferreira, que é Diretora Geral do Hospital São Pio X, como parte do Conselho Administrativo e Leonardo dos Reis Vaz, no Conselho Fiscal, ele está hoje, a frente do Conselho Municipal de Saúde de Ceres.
Nosso correspondente em Goiânia, tenta contato com a senhora Irani Ribeiro de Moura, para realização de entrevista, a fim de compreender os desafios que serão enfrentados em sua gestão, marcada pelo renascimento da esperança por dias melhores.