A campanha de Edmário é a que dispõe de mais recursos financeiros, o que lhe proporciona uma posição confortável, especialmente para quem está no poder. Ele tem aproveitado essa vantagem para tentar camuflar uma gestão frágil ao longo dos últimos três anos e nove meses. Uma estratégia bastante utilizada por ele tem sido a de embelezar a cidade às vésperas do aniversário, como se os problemas municipais se resumissem a asfalto e sinalização.
No entanto, basta sair do centro para perceber que os problemas continuam os mesmos, e os sérios desafios estruturais da cidade permanecem. A preocupação é que, após as eleições, a situação da cidade possa se deteriorar ainda mais, com obras paralisadas e uma piora nos serviços públicos. Independentemente de quem receba o mandato – seja ele próprio ou outro –, será necessário equilibrar as contas, o que provavelmente resultará em cortes no orçamento da prefeitura.
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Edmário pode ser habilidoso em campanhas, mas sua gestão tem deixado a desejar. E quando analisamos o grosso de suas realizações ao longo de seus três mandatos, é visível que a maioria delas ocorreu quando ele tinha o apoio do PT, partido que hoje ele renega. Sua campanha atual peca pela desonestidade intelectual ao listar as obras realizadas nos três mandatos anteriores como justificativa para merecer um quarto.
Se focarmos apenas nos últimos três anos e oito meses, o que ele fez é insuficiente para alguém que busca a reeleição. Um exemplo claro é ele promover a criação de apenas 20 empregos em parceria com o governo estadual – algo que, na minha opinião, seria vergonhoso de destacar. Um ponto especialmente desastroso de sua gestão é o fato de que, pela primeira vez, Ceres teve um prefeito com o governo estadual como aliado durante todo o mandato. Ainda assim, ele não conseguiu converter esse apoio em benefícios concretos para a cidade.
Que legado Edmário deixará? Que marca Caiado deixará em Ceres? A resposta parece ser: nenhuma. Se compararmos com o período de Marconi, podemos facilmente apontar o Lago, o Centro Cultural e a UEG como obras que realmente fizeram a diferença para o município. Com décadas de experiência em campanhas políticas, Edmário acumulou um vasto conhecimento, mas os resultados efetivos para a cidade são ínfimos.
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Basta analisar o crescimento de Ceres desde o início de seu primeiro mandato até hoje. Além disso, as fotos de suas campanhas mostram os mesmos rostos, pessoas que, em sua maioria, seguem estagnadas em suas condições pessoais, sem progresso visível. Outro mandato de Edmário pode representar mais quatro anos de estagnação.
Já Rafael Melo, por outro lado, ainda não acertou o tom de sua campanha. Suas primeiras inserções de rádio sugeriam a continuidade de um trabalho, como se ele estivesse concorrendo à reeleição. Reiller, apesar de ser um político profissional, representaria uma mudança, embora seja questionável como ele se sairia sem o poder ao seu lado – muitas de suas conquistas foram fruto da influência de sua irmã na gestão municipal. A Secretaria de Saúde, por exemplo, parecia não ser imparcial, e os pedidos encaminhados ou intercedidos por ele avançavam com muito mais rapidez.
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Por fim, acredito que Cleiton por sua experiência administrativa seria uma novidade para Ceres. Ele assumiu sua gestão com um orçamento apertado, mas, ainda assim, manteve o ritmo de trabalho e conquistas. Sua criatividade e foco em resultados seriam valiosos para a prefeitura, além de ele conhecer os caminhos para obter recursos e projetos para a cidade. No entanto, não sei se Ceres está pronta para uma mudança tão radical. Deslocar os Melo ou Edmário do poder, que eles mantêm há mais de três décadas, seria ótimo para a cidade, mas certamente incomodaria interesses inconfessáveis de muitos “poderosos” locais.
Said é descendente de árabes, mais um ceresino
com boa visão política e um colaborador do portal O Agregador