Para Conceição Evaristo, a abolição da escravidão em 1888 não significou liberdade plena, mas sim uma “libertação sem reparação”. Ela argumenta que, embora a escravidão tenha sido oficialmente extinta, as estruturas racistas, a exclusão social e a marginalização dos negros continuaram sob outras formas — econômicas, políticas e simbólicas.
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Nesse sentido concordando com a autora a abolição não garantiu acesso à terra, à educação nem a direitos básicos aos ex-escravizados, o que é visto com facilidade ao observar a história, pois os negros sempre tiveram que lutar muito por direitos básicos. Ela ainda afirma que o povo negro foi abandonado à própria sorte, sem políticas públicas que possibilitassem sua integração digna à sociedade.
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Mais uma vez o governo não pensou nessas pessoas em sua efetiva participação social, pois os negros foram libertados do trabalho e do cativeiro, mas não do racismo existente, nas entranhas dessa sociedade sendo assim Evaristo nos mostra que o racismo se transformou em um mecanismo silencioso e cotidiano, reproduzido nas relações sociais, no mercado de trabalho e na cultura.
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Essa ótica de discriminação da sociedade nos obriga a estar o tempo todo atentos, desconfiados dos olhares e gestos, mesmo quando vêm de forma sutil ou disfarçada. Uma vez que a vivência de homens e mulheres negras é marcada por traumas e cicatrizes profundas, muitas vezes carregadas antes mesmo do nascimento. De acordo com o rapper e escritor Emicida, em uma de suas letras críticas e reflexivas, que sintetiza essa realidade com os dizeres:
“Cê sabe o quanto é comum dizer que preto é ladrão,
Antes mesmo de a gente saber o que é um,
Na boca de quem apoia, desova e se orgulha
Da honestidade que nunca foi posta à prova.”
Isso nos leva a refletir que quando ocupamos espaços de destaque, em um país onde a cor da pele ainda define tanto, sentimos na pele o peso das cobranças e da violência simbólica, a necessidade de adaptar nossa identidade para “caber” em lugares que, por direito, também nos pertencem. De acordo com o ator Lázaro Ramos, um dos grandes nomes da cultura brasileira, é sentir diariamente o fardo de ser negro, mesmo sendo reconhecido por seu talento e inteligência.
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Janathan Firmino, licenciado em Geografia (UEG, 2010), pai de Kauê e João Pedro,
professor, massoterapeuta e terapeuta holístico.
Criado por mulheres, suas principais referências, vó, mãe e irmã, ambas falecidas.
Um homem que observa o espaço geográfico não só como lugar físico, mas como palco das transformações humanas,
onde cada indivíduo busca seu lugar em meio às tensões do tempo e do capital
