Num passado recente o pré-candidato do PP por Ceres fez um auê danado para anunciar o Dino Ayres como vice, mas a chapa durou pouco. Aliás, ultimamente entre as andorinhas, tudo tem sido muito efêmero, não só para a escolha do vice, mas para muitas outras decisões. Luciano é uma boa aquisição, não resta dúvidas, e deve agregar valor ao grupo, porém acho difícil mensurar se, eleitoralmente, foi uma boa escolha mudar o vice.

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Os profissionais do marketing costumam dizer que há três tipos de vice:

(1) o primeiro é aquele vice que completa o candidato a prefeito, ou seja, se o prefeito tiver um perfil político o vice com um perfil mais técnico e assim vice versa.

(2) o segundo é o vice que traz votos, seja de um bairro da cidade onde o prefeito tem pouco voto, ou de um determinado segmento da sociedade, ou seja, da igreja, do comércio, do funcionalismo, etc.

(3) e o terceiro é o vice que traz recursos para a campanha. E por recursos leia-se estrutura, mídia, gente e, logicamente, dinheiro.

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Além desses três há um quarto que seria a combinação de dois ou mais perfis. O que seria ideal. Daí a pergunta: Qual desses perfis, Luciano mais se encaixa? Esse é um lado da moeda, o outro seria, qual a contrapartida do Luciano? Ou seja, o que ele ganhou apoiando o Rafa e o que ele trouxe para somar? E o resiliente Dino? Encolheu mais ainda?

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Sabe aquelas fotos de aniversário que você quer ser fotografado ao lado do aniversariante, mas toda hora chega um e afasta aquele que tinha chegado primeiro, até ele ficar no finalzinho da fila, afinal, ficar próximo do aniversariante deve obedecer a hierarquia familiar.

No caso, se deixou de ser vice, vai ficar mais à sombra e distante. É assim que funciona. Mas, com todo respeito ao Luciano, acho que o Dino tem muito mais cacife, peso político, influência, penetração popular e principalmente mais poder de captação de votos do que o Luciano.

Calculo que o custo-benefício de ter o Dino é bem maior do que o Luciano. E a trajetória e o histórico de vida na política de cada um, endossa o que estou falando. O que vi nessa jogada de anúncio do Luciano como vice, foi uma habilidade tremenda do Luciano que soube negociar, muito bem negociado diga-se de passagem, seu apoio a pré-candidatura do Rafa, mas o fato concreto e real é que duvido muito que isso seja impactante na campanha das Andorinhas e possa, expressivamente, agregar mais votos para o Rafa, afinal, a pré-candidatura do Luciano, era o “bode na sala” e ao tirar o bode da sala, tudo voltou como era antes.

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O saldo positivo disso tudo é que a adesão do Luciano, foi sim uma vitória para o grupo da família Melo, pois diferentemente do Edmário, Rafaell Melo conseguiu reagrupar parte do seu grupo que estava rebelde. Só acho que o Luciano não conseguirá ser um candidato a vice melhor do que foi o Jairo na eleição passada, que não agregou mais votos, porque ambos pertenciam e dominavam o mesmo curral eleitoral.

Além do mais, Luciano não é um plutocrata, com capacidade suficiente para derramar dinheiro nas eleições, ou fornecer estrutura gigante, gente e pessoal para trabalhar ou mídia paga especializada. Portanto, já podemos riscar dois dos três perfis de vice, citados acima. Luciano, como bem sabemos, é um excelente técnico do direito, e isso ajudará muito nos bastidores e na burocracia, mas eu lhes pergunto: o custo-benefício disso será suficiente para agregar valor e ganhar as eleições? Essa é minha dúvida. Ter o Luciano do PL ao lado do Rafa, foi sem dúvida alguma uma vitória, porém, o custo dessa adesão, com a troca do Dino pelo Luciano, foi uma vitória de pirro.

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Mas se Dino tivesse sido confirmado o vice na chapa das Andorinhas, seria três vezes vice e com esse tri-vice, Dino poderia pedir música no Fantástico. O problema de anunciar o vice antecipadamente como foi o caso, é mantê-lo. Foi o que aconteceu. Manter o namoro é sempre mais difícil do que o cortejo. Um vice tem que estar afinado, engajado e ativo desde a pré-campanha. Isso pode sinalizar várias coisas, uma delas é que essa chapa não foi montada por amor, nem por amizade, mas pelo que parece, por um arranjo político, motivado principalmente pelo adversário em comum que ambos têm desejo de derrotar.

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Ceresino é jornalista e historiador popular, apaixonado por Ceres
e um colaborador do portal O Agregador