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Fiz um levantamento com dados obtidos do DATASUS (Ministério da Saúde) com relação aos números de Autorização de Internações Hospitalares (AIH) destinadas à Ceres pagas com dinheiro público, relativas ao período de 2017 a 2023, com objetivo para comparar quantas internações ocorreram na gestão do atual prefeito Edmário Barbosa e do ex-prefeito Rafaell Melo.
Fiz um recorte bem específico, para saber a quantidade de dinheiro público destinada ao Hospital Ortopédico de Ceres, pois isso ajuda a entender porque esse estabelecimento é o queridinho dos políticos que estão no poder.
Em 2023, na gestão Edmário, houve 81.904 internações, destas 47.160 ficaram concentradas no Hospital Ortopédico, ou seja, mais da metade foi abocanhada por apenas um hospital. E em valores, o que isso significa? Significa que dos 7 milhões investidos em internações (AIH), mais de 5 milhões foram parar na conta bancária daquele hospital particular.
No ano anterior (2022), os valores totais de internações em Ceres totalizaram 4,7 milhões, destes 2,4 milhões foram para o Hospital Ortopédico. Ou seja, de um ano para o outro, houve um salto, uma injeção de 44% a mais com relação aos valores do ano anterior para aquele hospital.
É muito fofo essa discrepância!
Um detalhe curioso é que na gestão da Inês (e da Janaina), houve uma redução gradativa nos números de internações encaminhada àquele hospital particular que caiu de 26 mil internações no primeiro ano (2013) para cerca de 24 mil em 2016 ao mesmo tempo que aumentava as internações no Hospital Pio X, de 46 mil em 2013 para 49 mil em 2015. Talvez isso ajude a explicar o conjunto de fatores que contribuíram para a inviabilização da candidatura à reeleição da dama de vermelho.
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No caso do ex-prefeito Rafaell Melo também houve uma redução no número de internações autorizadas para aquele hospital particular, ou seja, em 2019 foram 41 mil internações, enquanto em 2020 foi reduzido para 32 mil internações.
Para refletir: Podemos interpretar que o prefeito que reduziu internações e consequentemente verbas para aquele hospital, perdeu a eleição?! Seria correto afirmar que quem morde uma fatia tão grande do orçamento público tem poderes para determinar os destinos políticos e eleitorais da cidade?
Seria exagero insinuar que Ceres é um principado da oligarquia médica?
A obra de Zé Inácio Gillotin faz uma falta danada em determinados momentos da história…
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Ceresino é jornalista e historiador popular, apaixonado por Ceres
e um colaborador do portal O Agregador