O caminho para eu me tornar artista foi um processo que passou por muitas fases, semelhante ao crescimento de uma plantinha. Foi um caminho lento e, por vezes, doloroso, pois eu não me via como artista, mas apenas como alguém que sabia desenhar e pintar. No entanto, tive amigos que acreditaram no meu potencial e me incentivaram a ser e me tornar uma artista.
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Aos 18 anos, eu ainda estava descobrindo qual profissão queria seguir. Comecei desenhando para amigos e postando nas redes sociais. Na época, usava muito o Facebook. Lembro-me de ter feito um desenho da Frida Kahlo no dia do meu aniversário, e um amigo usou esse desenho para me desejar feliz aniversário. Ali foi um impulso para eu seguir no mundo artístico.
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Meu processo criativo é simultaneamente complexo e simples. Complexo porque minha mente está constantemente em ebulição, fervilhando com várias ideias, e tudo precisa se encaixar perfeitamente para que eu consiga materializar o que está na minha mente.
É simples porque é natural, não requer esforço consciente. Quando preciso criar uma obra de arte, observo a vida em sua essência. Sento-me em uma cadeira ou deito-me na terra e sinto a vida como ela é, em sua forma mais pura. Meu processo criativo pode ocorrer em qualquer lugar; eu só preciso estar conectada comigo mesma, pois cada elemento que percebo se transforma em arte. Coloco uma música que gosto, que ressoa com minha alma, e deixo que as melodias guiem minha inspiração. A música atua como um catalisador, intensificando minhas emoções e permitindo que minha criatividade flua livremente.
A simplicidade de uma folha caindo, a complexidade de um olhar, tudo se torna matéria-prima para minha arte. Esse processo de absorção e transformação é contínuo e dinâmico, refletindo a profundidade e a diversidade da vida.
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Posso afirmar que minha bagagem artística evolui continuamente ao longo do tempo. Utilizando a analogia da bagagem e pensando em viagens, em cada jornada para diferentes destinos, levamos itens diferentes. Meus aprendizados, sonhos e frustrações são assim. Dentro dessa bagagem, carrego sempre comigo a resiliência e a gratidão. A resiliência me permite enfrentar adversidades e continuar crescendo como artista, enquanto a gratidão me mantém conectada às minhas raízes e às pessoas que me apoiaram ao longo do caminho.
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Além disso, minha bagagem artística é enriquecida por influências culturais diversas, que absorvo em cada nova experiência. A música, a literatura, a natureza e as relações humanas são fontes inesgotáveis de inspiração que alimentam minha criatividade. Cada detalhe, cada nuance captada, se transforma em matéria-prima para minha arte. Assim, minha bagagem artística não é estática; ela se expande e se transforma continuamente, acompanhando meu crescimento pessoal e profissional.
O nome “Ninfa Azul” surgiu em 2018, quando finalmente decidi abraçar minha vocação artística. No entanto, essa decisão foi permeada por medos e inseguranças, incluindo o receio das críticas e a preocupação de não conseguir corresponder às expectativas profissionais.
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A escolha do termo “Ninfa” remete às fadas da mitologia grega, e faço uma analogia com a personagem Sininho de Tinker Bell, que, apesar de não possuir poderes mágicos como outras fadas, tem a habilidade de transformar e consertar qualquer coisa, tornando-se uma artesã/artista. Essa analogia reflete minha própria jornada como artista, onde, através da resiliência e da criatividade, consigo transformar ideias em arte.
Há muitas especulações em torno do nome “Ninfa”, algumas até o associando à sexualização, devido ao poder sedutor das ninfas na mitologia grega, que encantavam os deuses. Embora essa interpretação não esteja totalmente equivocada, pois minha arte realmente seduz e cativa quem a vê, a escolha do nome vai além dessa conotação.
O termo “Azul” tem uma origem mais pessoal. Quando criança, eu adorava a cor azul, mas, por ser menina, era desencorajada a gostar dessa cor e, em vez disso, era obrigada a preferir o rosa. Azul, além de ser minha cor favorita, representa uma quebra dessas imposições sociais e uma afirmação da minha identidade.
Portanto, “Ninfa Azul” é uma expressão da minha evolução como artista, simbolizando tanto a transformação e a resiliência quanto a liberdade de ser quem sou, sem as limitações impostas pela sociedade.
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Minha arte é uma manifestação profunda que busca comunicar temas de reparação histórica, feminilidade, igualdade, equidade e evolução humana. Cada obra que crio é uma tentativa de dialogar com o passado, refletir sobre o presente e inspirar um futuro mais justo e inclusivo.
A reparação histórica é um dos pilares centrais da minha expressão artística. Através das minhas obras, procuro trazer à tona narrativas esquecidas ou marginalizadas, dando voz àqueles que foram silenciados pela história. É um esforço contínuo para reconhecer e honrar as lutas e conquistas de gerações passadas, enquanto buscamos um caminho de reconciliação e justiça.
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A feminilidade, em toda a sua complexidade e diversidade, é outro tema recorrente na minha arte. Procuro explorar as múltiplas facetas do ser feminino, celebrando a força, a resiliência e a beleza intrínseca das mulheres. Minhas obras são um tributo à experiência feminina, desafiando estereótipos e promovendo uma visão mais inclusiva e empoderadora.
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A igualdade e a equidade são valores fundamentais que permeiam meu trabalho. Através da arte, busco promover uma sociedade onde todos tenham as mesmas oportunidades e direitos, independentemente de gênero, raça, orientação sexual ou condição socioeconômica. Minhas obras são um chamado à ação, incentivando o público a refletir sobre as desigualdades existentes e a lutar por um mundo mais justo.
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A evolução humana é um tema que me fascina e que frequentemente aparece nas minhas criações. Acredito que a arte tem o poder de catalisar mudanças, inspirando as pessoas a evoluírem e a se tornarem versões melhores de si mesmas. Minhas obras são uma celebração do potencial humano, da capacidade de crescer, aprender e transformar o mundo ao nosso redor.
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Em suma, minha arte é uma jornada de autodescoberta e de conexão com o mundo. É uma tentativa de criar um diálogo significativo com o público, promovendo a reflexão, a empatia e a transformação. Através da minha arte, espero contribuir para um mundo mais consciente, inclusivo e evoluído.
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Embora seja difícil definir meu fazer artístico com uma única palavra ou frase, há uma citação que ressoa profundamente com o meu trabalho. Em uma música chamada “Uma Vida Só” do Rappa, Francisco Brennand disse:
“Você não poderia mesmo conceber um ser humano viver sem música. Entre outras coisas, deve ser um antídoto contra a morte. Aliás, a arte de uma maneira geral é um antidestino.”
A arte é uma forma de resistência e de afirmação da vida. Em um mundo muitas vezes marcado pela incerteza e pela transitoriedade, a arte oferece um refúgio, um espaço onde podemos explorar nossas emoções mais profundas e encontrar consolo. É uma celebração da criatividade humana e da capacidade de transformar o ordinário em algo sublime.
Portanto, embora não haja uma palavra ou frase que defina completamente meu fazer artístico, a ideia de arte como um “antidestino” reflete profundamente o meu trabalho. É uma busca incessante por significado, beleza e conexão, uma jornada que transcende o tempo e o espaço.
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Minhas inspirações artísticas são vastas e multifacetadas, abrangendo a vida em sua totalidade. A complexidade e a simplicidade coexistem em minha fonte de inspiração, refletindo a dualidade da existência humana. A vida, em toda a sua plenitude, serve como um manancial inesgotável de estímulos criativos. Cada experiência, cada emoção e cada interação humana contribuem para a riqueza do meu processo criativo.
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As crianças, em sua forma ingênua e criativa, são uma fonte constante de inspiração. A maneira como elas percebem o mundo, com olhos curiosos e mentes abertas, é um lembrete poderoso da importância de manter a criatividade e a imaginação vivas. A ingenuidade das crianças, sua capacidade de ver o extraordinário no ordinário, é algo que tento capturar e refletir em minha arte.
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Em suma, minhas inspirações são uma tapeçaria rica e diversificada, tecida a partir das experiências da vida, da simplicidade do cotidiano, da criatividade infantil e da majestade da natureza. Cada elemento contribui para a formação de uma visão artística única, que busca capturar a essência da existência humana em toda a sua complexidade e beleza.
A frase de Carl Jung que diz: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana” encapsula de maneira sublime a essência da minha perspectiva sobre o ser humano. Esta citação não apenas ressoa profundamente em mim, mas também define a minha abordagem ao interagir com os outros.
A profundidade dessa frase reside na sua dualidade: por um lado, ela reconhece a importância do conhecimento e da competência técnica; por outro, enfatiza a necessidade de empatia e autenticidade nas relações humanas.
A artista que mais me inspira é, sem dúvida, minha mãe. Ela foi a primeira pessoa com quem tive contato no mundo da arte e quem me ensinou as técnicas fundamentais e a base da expressão artística. Sua influência foi crucial para o desenvolvimento do meu talento e da minha paixão pela arte. Além da minha mãe, Frida Kahlo é uma figura icônica que me engajou profundamente em meus trabalhos. A intensidade emocional e a profundidade de suas obras, bem como sua capacidade de transformar dor e sofrimento em arte, são fontes inesgotáveis de inspiração para mim.
Outro grande ponto de inspiração são os Irmãos Credo, uma dupla de irmãos goianos que tive o prazer de conhecer. Isablley Gontijo, outra artista goiana, também exerce uma influência significativa sobre mim. Seu trabalho artesanal é de uma surrealidade encantadora, combinando elementos tradicionais com uma visão contemporânea que desafia as convenções.
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Se eu pudesse escrever uma carta a mim mesma, voltando ao passado com a experiência que tenho hoje, eu diria:
“Querida Thatilla de quatro anos, os rabiscos e desenhos que você faz com tanto entusiasmo nas paredes da casa da vovó são mais do que simples brincadeiras infantis. Eles são as primeiras manifestações de um talento que um dia será reconhecido e admirado por muitos. Cada traço, cada cor que você escolhe, é uma expressão genuína de sua criatividade e visão única do mundo.
Não deixe que o medo ou a insegurança apague essa chama que arde dentro de você. Acredite sempre em seu potencial, mesmo quando os desafios parecerem insuperáveis. Lembre-se de que a arte é uma jornada contínua de autodescoberta e crescimento. Os momentos de dúvida e dificuldade são apenas parte do processo que moldará você para ser uma artista ainda mais forte e resiliente.”
É imperativo que vocês busquem incessantemente o conhecimento. A fonte desse saber pode ser uma faculdade, cursos especializados ou até mesmo a vasta rede de informações disponíveis na internet, desde que sejam fontes confiáveis. Possuir um dom natural e afinidade com a arte é uma base valiosa, mas não é suficiente se vocês desejam que sua arte seja reconhecida e valorizada no mercado. É essencial investir em educação e aprimoramento contínuo.
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Ter uma rede de apoio é igualmente crucial. Essa rede pode ser formada por colegas artistas, mentores, amigos e familiares que acreditam em seu potencial e oferecem suporte emocional e profissional. A colaboração e o compartilhamento de experiências com outros artistas tornam o trabalho muito mais fácil e enriquecedor.
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Lembrem-se de que o conhecimento é um dos pilares fundamentais para a construção de uma carreira artística sólida e duradoura. A combinação de talento natural, dedicação e conhecimento adquirido através da educação formal é o que realmente distingue um artista excepcional.
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Thátilla Vanessa, também conhecida pelo nome artístico de Ninfa Azul é maranhense,
artista plástica, professora de artes, terapeuta em ventosaterapia,
gestora de recursos humanos do Instituto Ubuntu
e acadêmica do curso de Pedagogia pela PUC Goiás